
Melatonina infantil é recomendada?
Entenda o tema controverso da melatonina infantil, conhecendo seus potenciais benefícios, riscos e considerações importantes para pais e cuidadores.
O sono dos pequenos é um quebra-cabeça para muitos pais: enquanto alguns dormem feito anjos, outros enfrentam noites em claro, deixando famílias inteiras exaustas. Nesse cenário, a melatonina infantil surge como uma promessa tentadora – mas será que ela é realmente segura?
Esse hormônio, conhecido por regular nosso relógio biológico, virou protagonista de debates acalorados entre especialistas. De um lado, especialistas sugerem que pode ajudar crianças com distúrbios do sono associados a condições como autismo ou TDAH, encurtando o tempo para adormecer. De outro, médicos alertam: o uso sem orientação pode desregular hormônios, causar sonolência diurna e até afetar o desenvolvimento.
Aqui, vamos explorar os prós e contras da melatonina para crianças, desvendando as recomendações da Academia Americana de Medicina do Sono e da ANVISA. Mas não paramos por aí: você vai descobrir alternativas naturais – desde rotinas noturnas relaxantes até ajustes no ambiente do quarto – que podem transformar as noites da sua família.
Vamos juntos entender quando (e se) a melatonina infantil é uma opção viável, sempre com um olhar holístico que considera alimentação, atividade física e até o poder de uma história antes de dormir. Boa leitura!
O que é a melatonina?
Imagine um "relógio biológico" dentro do corpo do seu filho, avisando quando é hora de dormir e acordar. A melatonina é o hormônio que faz esse papel!
Produzida na glândula pineal (uma região no meio do cérebro), ela entra em ação quando escurece, preparando o organismo para o sono: reduz a temperatura corporal, diminui a pressão arterial e dá aquele sinal de "hora de descansar".
Durante o dia, a luz do sol inibe sua produção, mantendo as crianças alertas. Já à noite, a escuridão estimula a liberação desse hormônio, que atua como um "anjo da guarda" do sono, sincronizando o ritmo natural do corpo.
A melatonina também existe em alimentos como cerejas e aveia, mas não adianta encher o prato deles esperando um efeito milagroso – a quantidade é muito baixa para influenciar o sono. O que realmente importa é o que o corpo produz naturalmente… e como hábitos como usar telas à noite podem atrapalhar esse processo.
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A melatonina pode ser indicada para crianças?
A resposta é "depende" – e esse "depende" vem carregado de regras importantes. Em casos específicos, como crianças com autismo, TDAH ou distúrbios do relógio biológico, a melatonina pode ser uma aliada – mas sempre com supervisão médica. Estudos mostram que, nesses casos, ela ajuda a reduzir o tempo para pegar no sono (em até 37 minutos!) e aumenta a duração do descanso.
Mas atenção: Não é uma balinha mágica! A ANVISA proíbe suplementos de melatonina para menores de 19 anos no Brasil, e a Academia Americana de Medicina do Sono reforça: só use com orientação profissional.
Na dúvida, a regra de ouro é: nunca dê melatonina por conta própria. Problemas de sono em crianças geralmente têm solução com rotinas consistentes, limite de telas à noite e um ambiente tranquilo.
Qual a idade para se tomar melatonina?
Como citamos, no Brasil, a ANVISA proíbe melatonina em suplementos para menores de 19 anos. Isso mesmo – nada de comprar aquelas gominhas "para crianças" que prometem noites tranquilas, porque elas são ilegais e perigosas.
Em casos específicos (como autismo ou TDAH), especialistas podem indicar doses mínimas para crianças a partir de 3 anos, mas sempre com supervisão rigorosa. Antes disso, menores de 3 anos nem pensar – problemas de sono nessa idade estão quase sempre ligados a rotinas mal ajustadas ou ansiedade.
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Riscos e considerações importantes sobre a melatonina infantil

A melatonina infantil pode parecer uma solução rápida para noites mal dormidas, mas os perigos escondidos são maiores do que muitos imaginam. Vamos destrinchar o que pais precisam saber antes de considerar esse suplemento:
Efeitos colaterais imediatos
Crianças podem sofrer com sonolência diurna (atrapalhando o desempenho escolar), náuseas, dores de cabeça e até incontinência urinária durante o sono. Em casos graves, há relatos de convulsões, especialmente em crianças com distúrbios neurológicos pré-existentes.
Desregulação hormonal e desenvolvimento
A melatonina não é um simples "suplemento" – é um hormônio que, usado sem controle, pode bagunçar o relógio biológico e interferir na produção natural do corpo. Especialistas alertam que o uso prolongado pode até afetar a tireoide e outras glândulas.
Overdose e intoxicações
Nos EUA, casos de overdose em crianças aumentaram 500% durante a pandemia. No Brasil, produtos como "gominhas de melatonina" podem conter até 130 vezes a dose segura para crianças. Algumas fórmulas ainda incluem substâncias tóxicas não declaradas nos rótulos.
Dependência e efeitos a longo prazo
Crianças podem perder a capacidade de dormir naturalmente, criando um ciclo vicioso de dependência. Além disso, pouco se sabe sobre como a melatonina sintética afeta o desenvolvimento cerebral e o sistema imunológico a longo prazo.
Alternativas naturais para melhorar o sono infantil
Quer fugir da melatonina e ainda garantir noites mais tranquilas? A natureza e bons hábitos são aliados poderosos – e muitas vezes subestimados. Vamos de dicas que funcionam de verdade (e não dão efeito colateral!):
- Criança adora previsibilidade. Criar um ritual noturno – como banho morno, história e luzes baixas – envia um sinal claro para o cérebro: "Hora de desligar!". De quebra, fortalece o vínculo afetivo.
- A luz azul de celulares e tablets engana o cérebro, fazendo ele pensar que ainda é dia. Desligue tudo 1h antes de dormir e substitua por brincadeiras calmas ou músicas relaxantes.
- Um leite morno ou um lanchinho leve com aveia ou banana podem ajudar – esses alimentos contêm triptofano, precursor da melatonina natural. Só evite açúcar e cafeína (presente em chocolates e refrigerantes!).
- Transforme o quarto em um ninho do sono, combinando cortinas blackout para escurecer totalmente; temperatura fresca (entre 20-23°C); barulho branco (ventilador ou app de sons naturais) para mascarar ruídos; e cheirinho calmante como lavanda ou camomila (use um difusor seguro)
- Atividade física diária ajusta o relógio biológico, mas evite exercícios intensos 2h antes de dormir. Que tal ioga infantil ou alongamentos divertidos no final da tarde?
- Ansiedade noturna é comum. Ensine a criança a "esvaziar a cabeça" desenhando seus medos, usando um diário visual ou fazendo respiração guiada.
Veja também: Por que manter uma rotina de sono é essencial para o seu filho?
Conclusão
Depois de mergulharmos nesse universo do sono infantil, fica claro que a melatonina não é vilã nem heroína – é uma ferramenta que exige muita responsabilidade.
Para crianças com autismo, TDAH ou distúrbios específicos, ela pode ser uma aliada sob supervisão médica. Mas para a maioria das famílias? A resposta está nos hábitos diários e no ambiente noturno.
A ANVISA proíbe suplementos para menores de 19 anos por um bom motivo: riscos de overdose, dependência e desregulação hormonal.
Se seu filho está lutando contra o sono, comece pelo básico: ajuste horários, crie rituais afetivos e observe como ele reage. Se mesmo assim o problema persistir, corra para o pediatra – só ele poderá dizer se a melatonina é realmente necessária ou se há outras questões por trás da insônia.
As dicas não substituem uma consulta médica. Procure um profissional de saúde especializado para receber orientações individualizadas.